Dirce Aparecida de Oliveira já comprou a sua bicicleta elétrica há quase dois anos e não se arrependeu |
Não estranhe, se ao andar pelas de ruas de Campo Mourão, você se deparar com pessoas andando de bicicletas há mais de 30km/h, sem fazer uso dos pedais. É que há dois anos, algumas lojas da cidade passaram a oferecer o mais novo modelo de veículo de duas rodas: a chamada bicicleta elétrica, que já faz sucesso nas principais cidades do país e do exterior. Além de barato, o novo modelo de transporte alia comodidade e agilidade no trânsito, cada vez mais caótico, contribuindo também com o meio ambiente. O modelo é adequado para cidades do porte e topografia de Campo Mourão, onde as pessoas utilizam muito esse meio de transporte, seja por ser barato e pela curta distância entre a casa e o trabalho.
Solange Oliveira, de 36 anos, mora no Jardim Mario
Figueiredo (saída para Maringá) e trabalha em uma panificadora, no
centro da cidade. Como entra no trabalho às 6 horas, todos os dias ela
dependia de um mototaxi e desembolsava pelo menos R$ 5,00. Como não é
habilitada para dirigir, ela encontrou na bicicleta elétrica a solução
para reduzir os gastos. “Gastava muito por mês. Até tinha acerto com um
único mototaxista, mas quando ele não podia me buscar, os outros
cobravam mais caro”, disse ela, que adquiriu a sua “magrela” há dois
meses.
O preço do veículo, que gira entre R$ 2.100 a R$ 2.800
foi a primeira barreira encontrada por Solange. Foi preciso pedir ajuda
ao patrão. “Tinha muito desejo de comprar, mas não tinha dinheiro. Foi
então que conversei com meus patrões e eles pagaram a bicicleta à vista.
Agora o valor vem sendo descontado mensalmente e parcelado no meu
salário. Ficou até mais barato por ser pago à vista”, afirmou. Embora
seja elétrica, o usuário tem a opção de pedalar também. E Solange não
abre mão de se exercitar, quando o tempo lhe permite e o trecho é plano.
“Sempre gostei de pedalar e continuo, quando não estou atrasada, pois
faz bem à saúde. Também uso o capacete por medida de segurança, embora
não seja obrigado. Muita gente tira sarro, mas nem me preocupo”,
declara.
Mesmo para pedalar, o veículo elétrico não fica mais
pesado. “Quando você deixa de acelerar ela se torna uma bicicleta comum,
leve e anda até mais que as outras no pedal. Se fosse tirar a carteira
de motorista, acredito que não passaria na primeira tentativa, por isso
optei pela bicicleta elétrica, que chega a atingir 30kn/h.”
A zeladora Dirce Aparecida de Oliveira, 50 anos, já
comprou a sua há quase dois anos e não se arrependeu. “A minha foi uma
das primeiras vendidas em Campo Mourão. Tem muita vantagem, você não
precisa ter carteira, não paga imposto e não polui o meio ambiente. O
quero ainda é comprar um capacete para ter mais segurança”, destacou.
Aparecida mora a quatro quilômetros do trabalho e com o novo modelo de
bicicleta, faz o percurso em dez minutos. “Antes eu tinha uma mobilete,
mas hoje prefiro essa bicicleta, que não polui o meio ambiente e não
gasta gasolina”, diz ela.
As baterias dessas novas “bikes” são carregadas na tomada, como o
aparelho celular. Uma carga completa garante viagem de até 30 km, sem o
uso do pedal. “A vantagem é que se acabar a bateria você pode seguir em
frente pedalando”, encerra Dirce. Os modelos mais simples podem
transportar pessoas com até 130 kg. Também há bicicletas mais
reforçadas, com capacidade para 150 kg, garantindo espaço até para
crianças na garupa.
Lojas apostam na novidade
De olho no interesse dos usuários, as bicicletarias de Campo Mourão
estão apostando nas bicicletas elétricas. O proprietário da PC
Adventure, Paulo César Gomes disse que trouxe a novidade para sua loja
há dois anos e não se arrependeu. “Os clientes estão interessados e as
vendas aumentaram. É um produto importado e muito interessante, porque
não polui o meio ambiente, quase não acarreta em gastos ao usuário e é
muito eficiente para uma cidade plana como Campo Mourão. Por isso tem
chamado tanto a atenção”, afirma o empresário.
Com o trânsito cada vez mais complicado na cidade e a falta de vagas
para estacionar, a bicicleta elétrica torna-se um veículo ainda mais
vantajoso, segundo Gomes. “São muitas vantagens no trânsito, pois a
pessoa tem a opção de pedalar quando quiser fazer alguma atividade
física, sem que a bicicleta fique mais pesada. Temos bicicletas de 250 a
300 watts, custando em torno de R$ 2.100 e as de 400 a 500 watts, de R$
2.400. Os watts seriam como a cilindrada da moto. Temos ainda a de 800
watts, que custa em torno de R$ 2.600.”
O vendedor da Mazi Bike, Welington Jansen de Souza Custódio, disse
que a empresa trabalha há um ano e meio com os novos modelos de duas
rodas. “A gente observa que as pessoas têm muita curiosidade pelo
produto. Quem procura é porque busca economia na locomoção para o
trabalho. As vantagens são grandes, pois além de não ter despesas,
facilita para andar e estacionar no centro de Campo Mourão”, disse ele.
Segundo ele, o veículo tem componentes de seguranças, mais adequados
que os usados nas motocicletas. “Quando você freia essa bicicleta, ela
corta a ação do motor imediatamente, ao contrário da moto que mantém o
motor acionado”, destacou. A lei não exige carteira para os condutores,
mas que esses veículos sejam dotados de vários equipamentos, como
espelhos retrovisores, de ambos os lados, farol dianteiro, de cor branca
ou amarela, lanterna de cor vermelha na parte traseira, velocímetro,
buzina e pneus que ofereçam condições mínimas de segurança.
Nota do Detran/PR
O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) esclarece que a
regulamentação dos veículos ciclomotores, dentre eles as popularmente
conhecidas como bicicletas elétricas, é determinada pelo Código de
Trânsito Brasileiro (CTB).
O artigo 24, XVII, do CTB afirma que compete aos
órgãos municipais de trânsito registrar, licenciar, fiscalizar, autuar,
aplicar penalidades e arrecadar as multas decorrentes de infrações de
veículos ciclomotores. A resolução 168 do Contran estabelece que a
Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) “obedecerá aos termos e
condições estabelecidos para a CNH nas categorias A, B e AB”.
No Paraná, nenhum Centro de Formação de Condutores
(CFC) oferece a formação para a categoria ACC, por causa da baixa
procura, uma vez que o motorista habilitado na categoria A, passa pelo
mesmo processo de habilitação e tem permissão para conduzir um
ciclomotor.